Novembro Azul: A luta começa antes do primeiro golpe

No mês do combate ao câncer de próstata, a coluna GPS|Saúde frisa a importância da prevenção e diagnóstico 

 

Ele chega sem avisar. Nenhum sinal, nenhum sintoma, nenhum presságio. No Brasil, os números não são nada generosos: a cada 38 minutos, um indivíduo morre nas mãos do câncer de próstata – de todos, o tumor mais frequente entre os homens.

Em 2020, uma pesquisa realizada pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca) destacou que 29,2% dos novos diagnósticos de câncer correspondem a essa categoria. Isso simboliza quase 66 mil pessoas cuja saúde física e mental sofre impacto graças à enfermidade. Não é coisa rara, também: em cada 6 homens, 1 é acometido pela doença. Causa o suficiente para alimentar a preocupação. 

Nesse cenário que não traz alívio, a campanha nacional Novembro Azul é mais do que um importante lembrete: é uma movimentação para salvar vidas. Criada em 2003, na Austrália, a ação tinha em princípio o objetivo de levar luz à totalidade de doenças que impactam apenas a população masculina. O Ministério da Saúde brasileiro, entretanto, direcionou o foco do movimento para o combate ao câncer de próstata. 

Em conversa com a coluna GPS|Saúde, o urologista e uro-oncologista Rafael Rocha Vidal, do Hospital Santa Lúcia, pontua a importância do Novembro Azul e do diagnóstico precoce desse tipo de câncer. 

Dificuldade para urinar, dor e sangramento são os sintomas popularmente ligados ao temido câncer de próstata, contudo, esperar por eles está longe de ser a solução. “Essas sensações estão presentes somente em fases avançadas da doença”, explica o médico. Para evitar que o quadro se instale em nível grave, a mais confiável saída é ainda um tabu para muitos pacientes: o teste do toque. "Infelizmente existe um preconceito machista atrelado ao exame da próstata na sociedade. O que é uma grande bobagem! Essa análise é inócua, indolor e realizada em apenas 10 segundos”, frisa. “É capaz de salvar muitas vidas”.

Dentro do recorte masculino, existem grupos que demonstram maior probabilidade para desenvolvimento do malefício, entre eles, homens negros e com sobrepeso devem redobrar a atenção. “Os pacientes de raça negra têm um risco aumentado associado a fatores genéticos. Já os obesos têm uma incidência maior da doença agressiva, de acordo com estudos”, pontua. 

Assim sendo, um dos mais eficazes métodos de prevenção é o cultivo de uma vida saudável. “Uma dieta rica em frutas e verduras, pratica de atividade física regular, e um corte no consumo de carnes vermelhas são alguns hábitos que diminuem a chance de desenvolver não só o câncer de próstata, como também muitas outras doenças”.

Caso o indivíduo não esteja dentro dos grupos de maior risco da enfermidade, a Sociedade Brasileira de Urologia recomenda que o rastreio da doença, um acompanhamento que envolve a realização do PSA e também do exame digital da próstata, deve ser iniciado a partir dos 50 anos de idade. Pacientes que possuem histórico familiar e outros agravantes devem começar antes, com a chegada dos 45. “O tratamento do câncer de próstata depende da extensão da doença. Alguns casos de baixo risco podem não necessitar de intervenção, exigindo apenas um acompanhamento atento. Outros precisarão realizar cirurgia ou radioterapia para tratar a doença”, tendo essa afirmativa em mente, a verdade é clara: melhor prevenir que remediar.